FERIDAS E TRAUMAS EMOCIONAIS DA INFÂNCIA QUE TODO ADULTO DEVERIA SUPERAR


Três feridas emocionais da infância que todo adulto deveria superar ... 

Heloísa Noronha
Colaboração para o UOL
20/10/2017 04h00


Não dá para mudar o passado, mas nunca é tarde para mudar a maneira como lidamos com ele. Alguns sofrimentos da infância continuam a doer na vida adulta, gerando dificuldades nos relacionamentos e baixa autoestima. Veja três feridas emocionais comuns, e por que é importante tomar consciência delas para, então, curá-las.

Medo de abandono e traição

O problema: são medos muito comuns e similares que, na idade adulta, ressurgem na forma de ansiedade e numa extrema dificuldade de confiar nas pessoas.
A origem: na infância, todos nós, em algum momento, experimentamos a sensação de abandono. É natural. Quando os pais saem para trabalhar, estão conversando entre si ou quando demoraram para atender nossos desejos. Para algumas crianças, a experiência é mais dolorosa. Nem sempre se trata de abandono. Às vezes, sim: físico ou emocional. A criança queria receber amor incondicional, mas, em vez disso, foi reprimida, ignorada e, em alguns casos, rejeitada.
O reflexo: Quando se sente rejeitada, a criança promete a si mesma (ainda que de maneira inconsciente) que nunca mais ninguém fará com que ela volte a se sentir daquela maneira. Na vida adulta, o que faz uma pessoa que não quer se sentir abandonada, rejeitada ou traída? Abandona, rejeita e trai primeiro. Evita se envolver e se torna uma pessoa controladora e desconfiada.

A sensação de não ser capaz

O problema: se a falta de amor é prejudicial, o excesso também é. Quando os pais exageram na dose de amor e querem fazer tudo pela criança, o resultado no futuro pode ser desastroso.
A origem: aqueles que nunca economizaram mimos e sempre cercearam a autonomia e a independência dos filhos pequenos --guardando seus brinquedos, apaziguando seus conflitos com os coleguinhas ou vestindo-os e calçando-os mesmo depois de grandes-- acabam alimentando na criança o sentimento de inutilidade. A percepção infantil é assim: "não consigo fazer nada certo" e "os outros sabem o que é melhor para mim".
O reflexo: o resultado são jovens incapazes de lidar com negativas, frustrações ou obstáculos. Há, ainda, adultos que por acreditarem que são absolutamente incapazes e inúteis fazem o que for preciso para obter o reconhecimento de suas habilidades e competências. A superproteção impede os pequenos de aprenderem a lidar com dificuldades, frustrações e, principalmente, aprender a criar soluções para o que estão passando.

A obrigação de agradar

O problema: embora a maioria dos pais acredite dar amor incondicional aos filhos, às vezes o que falam passa a mensagem oposta. Exemplos: “você não comeu a salada, eu não gosto mais de você”; “papai não gosta de criança que faz xixi na cama”, "você tirou 10, te amo tanto".
A origem: amor de pai e de mãe não deve depender nunca do que a criança faz. A ausência de reconhecimento e a mania de destacar apenas as atitudes negativas do filhos gera uma angústia imensa. A criança entende que precisa ser perfeita para ser valorizada e até amada por seus pais e leva isso para sua vida e suas outras relações.
O reflexo: o risco, na idade adulta, é de a pessoa se anular em prol dos outros e nunca se sentir boa o bastante para merecer o amor de alguém.

FONTES: Heloísa Capelas, especialista em inteligência comportamental, consteladora familiar, autora dos livros "O mapa da felicidade" e "Perdão – A revolução que falta" (Ed. Gente) e diretora do Centro Hoffman no Brasil, em São Paulo (SP); Lidia Weber, psicóloga, orientadora do Mestrado e do Doutorado em Educação da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e autora de 13 livros, entre os quais "Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e limites” (Ed. Juruá), e Yuri Busin, psicólogo e diretor do CASME (Centro de Atenção à Saúde Mental Equilíbrio), de São Paulo (SP)


Fonte:https://estilo.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2017/10/20/mulheres-vitimas-de-violencia-estao-frustradas-com-a-justica-mostra-estudo.htm

5 feridas emocionais da infância que podem persistir na idade adulta

Embora não seja regra absoluta, não podemos negar que nossa infância e primeiras experiências afetivas podem influenciar na maneira como que lidamos com os relacionamos posteriores e na leitura que temos das coisas que acontecem ao nosso redor.
As boas e más experiências infantis afetam sim nossa qualidade de vida quando adultos. Influenciam também, depois, em como trataremos nossos filhos tanto do ponto de vista do afeto quanto do enfrentamento de adversidades. Agiremos, reproduzindo os comportamentos que conhecemos ou seremos diferentes?
Abaixo, estão descritas 5 feridas emocionais segundo a especialista em comportamento canadense Lisa Bourbeau. Para a autora, são elas algumas das mais determinantes nas dificuldades de relacionamentos que as pessoas podem carregar ao longo da vida adulta posterior.

1- O medo do abandono

Um dos medos frequentes nas crianças é o medo da ausência de seus pais, o medo do abandono. A criança, nos primórdios de sua vida, ainda não consegue separar fantasia de realidade, e, por também não conseguir quantificar o tempo, entende que as ausências podem ser sinônimos do abandono absoluto.
Se a aprendizagem dessa separação necessária já é complexa em ambientes onde os pais lidam com o fato com tranquilidade, no caso de pessoas que tiveram experiências de negligência na infância, as marcas deixadas podem acarretar um medo de solidão e rejeição contínuos todas as vezes em que a pessoa não tiver perto de si (fisicamente) a pessoa amada.
A ferida causada pelo abandono não é fácil de curar. A pessoa saberá que está curada quando os momentos de solidão não forem vistos como desamor e rejeição, e, dentro de si, existirem diálogos positivos e esperançosos.

2- O medo da rejeição

É uma ferida profunda que é formada quando, durante o desenvolvimento, a criança não se sentiu suficientemente amada e acolhida pelas figuras de referência que estavam ao seu redor assim como, posteriormente, pode ser afetada também por rejeições em ambiente escolar.
Como a pessoa, no começo, forma sua identidade a partir da maneira como que é tratada, se ela for desvalorizada e depreciada constantemente, pode internalizar em si uma autoimagem de que não é merecedora de afeto e de que não possui atributos suficientes para ser aceita em sociedade.
O rejeitado passa, então, a rejeitar-se, e, na idade adulta, muitas vezes, mesmo frente ao sucesso e obtendo bons resultados, essa pessoa pode apresentar grande fragilidade frente a qualquer crítica que exponha seus medos internos de insucesso.

3- A humilhação

Esta ferida é gerada no momento em que sentimos que os outros nos desaprovam e criticam. Podemos criar esses problemas em nossos filhos, dizendo-lhes que eles são estúpidos, maus ou mesmo exagerando em comparações; isso destrói a criança e sua autoestima.
Uma pessoa criada em um ambiente assim pode desenvolver uma personalidade exageradamente dependente. Outra possibilidade é o desenvolvimento da “tirania” também em si, um mecanismo de defesa em que a pessoa passa a humilhar aos outros para se sentir mais valorizada.

4- Traição ou medo de confiar

Uma criança que se sentiu repetidamente traída por um de seus pais, principalmente quando o mesmo não cumpria as suas promessas, pode nutrir uma desconfiança que, mais tarde,  pode ser transformada em inveja e outros sentimentos negativos. Quem não recebe o que foi prometido pode não se sentir digno de ter os que os outros têm.
Pessoas que passaram por isso desenvolvem uma tendência maior a tentar controlar tudo e todos ao redor em uma tentativa de trazer para si o comando de variáveis que, antigamente, faziam com que se sentissem preteridas e injustiçadas. Quando perdem o controle, ficam nervosas e se sentem perdidas.

5- Injustiça

A ferida da injustiça surge a partir de um ambiente no qual os cuidadores primários são frios e autoritários. Na infância, quando existe uma demanda além da capacidade real da criança, ela pode ter sentimentos de impotência e inutilidade que depois pode carregar ao longo dos anos.
Em ambientes assim, a criança pode desenvolver um fanatismo pela ordem e pelo perfeccionismo como tentativa de minimizar os erros e as cobranças. Soma-se a isso a incapacidade de tomar decisões com confiança.
Nota da CONTI outra:
Como dito no começo, existem feridas da infância que aumentam a probabilidade de sequelas emocionais na vida adulta. Entretanto, nada é regra e existem pessoas que desenvolvem mecanismos adaptativos e superam essas questões. Outras, entretanto, não se saem tão bem. Se você for uma delas, procure ajuda de um profissional da saúde mental. Nunca é tarde para rever questões mal resolvidas. O passado não muda, mas o futuro ainda é um livro em branco.
Traduzido e ADAPTADO por Josie Conti.
Fonte:http://www.contioutra.com/5-feridas-emocionais-da-infancia-que-podem-persistir-na-idade-adulta/

As marcas da infância: traumas emocionais

Muitos traumas da infância acabam impactando de forma negativa na vida adulta. Sejam elas boas ou más experiências. Pois é na infância que algumas emoções como ansiedade, medo, pânico, problemas familiares podem deixar marcas que se tornam gatilhos emocionais quando adultos.
As pesquisas vêm apontando que traumas emocionais na infância provocam uma implicação tanto psicológica, como familiar, social e econômica. Mas existem algumas marcas que são bem comuns em quase todos os adultos, desde a sensação de abandono até rejeição.
Os gatilhos emocionais
É na infância que sonhos, medos tem um impacto maior. Um medo quando não tratado na infância, implica em um medo maior na fase adulta, o que pode de alguma forma interferir em todos os momentos da vida. Por isso, a infância é considerada uma fase importante e os pais precisam ficar atentos aos quadros emocionais dos seus filhos para que eles não desenvolvam traumas ou até doenças. Confira algumas marcas comuns na infância e que perduram na fase adulta:
1 – Abandono
As crianças quando são pequenas, se sentem constantemente abandonadas ou tem medo que os pais e amigos os deixem. Esse trauma ainda prevalece na fase adulta, quando é bem comum se sentir sozinho ou achar que ninguém gosta da gente e que vamos ser trocados por outras pessoas. Neste caso, para essa marca não acompanhar e atrapalhar a vida das pessoas é necessário trabalhar a autoconfiança.
2 – Humilhação
Na infância, frases, ações podem deixar uma profunda marca que é a humilhação. Ainda mais nesta fase, onde se sentir amado e aceito é importante. Quando os pais humilham, ou até amigos, fica um sentimento que dura por muito tempo. É normal a pessoa se ‘fechar’ para não querer passar por isso novamente. Então, cuidado com qualquer frase ou atitude com o  seu filho. Um diálogo é sempre bem-vindo.
3 – Inutilidade
Quando os pais não dão muita atenção, ou até não brincam  com o filho, é comum a criança se achar inútil ou pensar que está atrapalhando e não serve para nada. Falar da importância da criança para a vida dos pais é fundamental para ela saber que é importante independente dos fatos e se sentir aceita no círculo que vive.
4 – Falta de confiança
A confiança é muito importante para a criança. Muitas vezes os pais prometem algo que não são capazes de cumprir. E essa atitude é negativa, pois na adolescência e fase adulta podem sentir desconfiança em relação às pessoas e as coisas. Essa falta de confiança limita os relacionamentos pessoais, deixando a pessoa sempre desconfiada.
5 – Rejeição
A rejeição marca profundamente a vida de uma pessoa. Desde uma doença, um problema, o modo de se comportar precisa ser aceito ou dialogado. Partir para uma humilhação, deixando a criança constrangida é deixar uma ferida emocional que é muito difícil de ser trabalhada depois. A rejeição atrapalha a vida da pessoa, fazendo ela se sentir menor perante os outros e evitando relações como medo de ser rejeita.
Educar filhos pode ser uma tarefa muito trabalhosa, mas percebendo alguma destas marcas em seus filhos, é importante buscar ajuda profissional para o quanto antes libertá-lo destas amarras, pois  por mais atentos e dedicados, dificilmente conseguimos ser pais 100% adequados o tempo todo.

• Texto escrito por Angelica Weise da Equipe Eu Sem Fronteiras
Fonte:https://www.eusemfronteiras.com.br/as-marcas-da-infancia-traumas-emocionais/
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Entenda porque seus problemas podem ter origem na sua infância

Se não vejo na criança, uma criança, 
é porque alguém a violentou antes; 
e o que vejo é o que sobrou de tudo o que lhe foi tirado
(Herbert de Souza – Betinho)

 
Em meu consultório atendo adultos vítimas de abusos na infância. Meu objetivo aqui é compartilhar o conhecimento que adquiri pela literatura e experiência de mais de 20 anos de atendimento, sobre a criança ferida e suas consequências na vida adulta.
Muitas pessoas sofrem com conflitos e sintomas físicos e/ou emocionais e sequer imaginam que suas dores atuais podem ter origem nos abusos sofridos durante a infância e/ou adolescência.
Isso ocorre porque nos acostumamos tanto com os maus-tratos sofridos, que acabamos por considerá-los “normais”. Como não tivemos quem validasse a nossa dor, sentimos como se elas não fossem importantes, e assim, reprimimos e silenciamos desde muito cedo nosso sofrimento, perpetuando-o.
Muitas vezes, por falta de informação, não reconhecemos nossas dores atuais como consequências do que vivenciamos em nosso passado.
Para identificarmos a origem do que sentimos hoje é preciso perceber a importância em realizar o processo de autoconhecimento, que se obtém com a análise ou psicoterapia e assim, elaborar todas as dores que ainda se fazem presentes, sejam físicas e/ou emocionais.
Não atendo crianças, mas oriento pais sobre a educação emocional de seus filhos, e para que os que ainda pretendem ter filhos, saibam da importância de serem pais conscientes, para que não repitam em seus futuros filhos os abusos sofridos pela repetição de padrão.
O abuso infantil, ou maltrato infantil, é o abuso físico, psicológico e/ou  sexual em uma criança, por parte de seus pais ou responsáveis.
Você sabia que em alguns estados a violência doméstica que afeta o feto é considerada abuso infantil?
Os motivos do abuso infantil são vários, entre eles, a própria ignorância do que é o abuso infantil. A superproteção também é uma forma de abuso infantil e não considerada como tal pelos pais.
Todos os tipos de abuso infantil podem resultar em traumas psicológicos.
O abuso infantil ocorre quando “um sujeito em condições de superioridade (idade, força, posição social ou econômica, inteligência, autoridade) comete um ato ou omissão capaz de causar dano físico, psicológico ou sexual, contrariamente à vontade da vítima, ou por consentimento obtido a partir de indução ou sedução enganosa”.
Omissão por parte de um dos pais: O que o mais sensato dos dois genitores estava fazendo quando a criança mais precisava de sua proteção?
Fala de uma criança: “não sei onde minha mãe estava enquanto meu pai me batia, mas sei exatamente que ela não me defendeu, nem com palavras, nem com ações”.
Quando crianças, aprendemos a reprimir e negar sentimentos. Muitos aprenderam que as humilhações e surras foram para o próprio bem e não provocaram dores. E com isso aprende-se também a utilizar no futuro, a mesma violência contra os outros ou contra si mesmo.
Como você se trata?
A maneira como nos cuidamos quando adultos, muitas vezes 
reflete a maneira como fomos 
cuidados quando crianças
 
 O casos mais graves de abuso infantil podem resultar na morte da criança. É possível que os sobreviventes do abuso ainda sofram emocionalmente. As crianças que foram abusadas, muitas vezes têm dificuldade em estabelecer e manter relações ao longo das suas vidas, com mais propensão a sofrer de baixa autoestima, depressão, pensamentos suicidas ou outros problemas de saúde.
O que fazer?

Tornar consciente os seus sentimentos e confrontá-los com os conhecimentos atuais. É importante aceitar que grande parte do que disseram que era cuidado paterno ou materno era, na verdade, abuso. É preciso abandonar as expectativas e ilusões, ou seja, a idealização da infância, para aceitar os fatos da realidade passada.
Quanto mais você era agredido, mais idealizava seus pais ou cuidadores, acreditando ser o único responsável pelo abuso que sofria. Essa idealização deve ser destruída.
Devemos perceber que éramos cegos porque tínhamos que nos proteger das dores, enquanto não tínhamos uma testemunha que pudesse nos ouvir com empatia.
O adulto não é mais impotente, e pode oferecer para a criança proteção e ouvido atentos, para que ela possa se expressar a seu modo e contar a sua história. Portanto, se você sofreu algum tipo de abuso, não tenha vergonha de procurar quem o ajude a entender sua história e encontrar sua verdade. Busque ajuda profissional, pois é muito difícil suportar sozinho traumas reprimidos.
O processo de cura começa quando o adulto, que foi vítima de abuso na infância, resolve romper com o silêncio do sofrimento e as reações como medo, raiva, desespero, tristeza, dor, que foram reprimidas no passado, podem ser expressas a alguém que o ouça sem julgamentos, com o desejo sincero de ajudar a superar tanta dor.
Por isso é importante que no processo psicoterapêutico a pessoa atendida tenha certeza que o profissional irá aceitá-la e não julgá-la, para que assim possa expressar seus sentimentos, queixas e vivenciar sua raiva, decepção, tristeza e dor.
Se você sofreu algum tipo de abuso na infância e/ou adolescência busque ajuda psicológica para desenvolver estruturas para suportar e elaborar todas as dores,  pois elas dificilmente serão esquecidas.
As consequências dos maus-tratos podem refletir em todas as áreas da vida, mas podem ser amenizadas com as ferramentas proporcionadas pelo processo de autoconhecimento.
A mudança acontece quando você não precisa mais enfrentar sozinho seus traumas, pois sabe que encontrou alguém que vai ajudá-lo a viver toda a sua verdade.
Fonte:http://inadepe.com.br/entenda-porque-seus-problemas-podem-ter-origem-na-sua-infancia/
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Entenda o abuso emocional e as sequelas na vida adulta

Você reconhece o abuso que sofreu na infância e o impacto na vida adulta?
No consultório recebo muitas pessoas com as mais diversas queixas, e com seus respectivos sintomas físicos e/ou emocionais. Isso me levou a estudar cada vez mais as possíveis origens dessas queixas. Ao explorar a infância e a adolescência, principalmente os primeiros anos de vida, encontramos muitas situações de abuso: físico, emocional e/ou sexual.
Quem sofreu abuso na infância carrega traumas psíquicos, que na vida adulta podem acarretar consequências impactantes. Inúmeros estudos demonstram que o estresse prolongado na infância tem consequências ao longo da vida para a saúde, e pode perturbar o desenvolvimento inicial do cérebro e funcionamento dos sistemas nervoso e imunológico.
Infelizmente, o que mais tenho percebido é que muitas pessoas não se beneficiam do resultado do processo de autoconhecimento por não conseguirem identificar como abuso o que passaram na infância . E assim, não relacionam suas dificuldades atuais com os primeiros anos.
Acredito que a reflexão sobre os efeitos prejudiciais e de longo prazo que os abusos sofridos nos causam é um dos melhores caminhos para a conscientização e posterior interesse em um processo de autoconhecimento. Quando identificamos, exploramos, validamos, e assim, elaboramos aquilo que nos aconteceu, acolhendo a criança que fomos, os sintomas físicos e/ou emocionais deixam de existir.
Como isso acontece? Nosso corpo nos transmite mensagens do inconsciente, assim como nossos sonhos. Como toda dor e trauma ficam reprimidos em nosso inconsciente, ao tornar conscientes nossas lembranças, teremos muito mais condições de lidarmos com o que reconhecemos.
Por exemplo, uma criança que sofreu um abuso sexual nunca conta para alguém devido ao sentimento de culpa, medo ou vergonha, mantendo esse segredo por muitos anos. Esse abuso, tanto quanto o fato de ser mantido em segredo, trará consequências durante toda sua vida, se não for trabalhado, ressignificado e seus sentimentos validados.
Muitas pessoas acreditam que o abuso acontece quando é sexual, mas o abuso emocional e/ou físico são muito comuns e nem sempre são considerados como tal e que também deixam traumas.
Temos 2 situações comuns:
– Pessoas que não lembram do que aconteceu nos primeiros anos de vida.
Parece que não, mas isso é muito comum. Algumas pessoas lembram apenas a partir dos 10, 12 anos ou mais. Isso pode acontecer por diversos motivos, mas pode estar relacionado com uma história de vida de abusos. Pela dificuldade em lidar com suas dores, permanecem reprimidas em seu inconsciente.
Não se lembrar não significa que a pessoa não sofreu algum tipo de abuso, apenas não se lembra. Nesse caso, se ela fizer uma análise, o profissional irá considerar como indício seus sintomas físicos e sonhos, que, como expliquei no início, transmitem mensagens do inconsciente, e portanto, são considerados como importante diferencial durante o processo. Outras técnicas que podem ser utilizadas para o acesso aos conteúdos e lembranças inconscientes são: hipnose e imaginação ativa.
Um exemplo: uma mulher relata na sessão de análise que não consegue se aproximar fisicamente de algum homem, transforma sua imagem corporal de modo a não ser desejada: usa roupas largas, toma muitos banhos por dia (nojo do próprio corpo), sofre com alguns sintomas físicos, vomita regularmente, é hiper vigilante, não confia nas pessoas. Todos esses sintomas podem ter origem na possibilidade de ter sido vítima de abuso sexual, que poderão ser confirmados durante o processo e pela remissão dos sintomas.
– Pessoas que lembram do que aconteceu nos primeiros anos de vida.
Aqui se incluem pessoas que têm autoconhecimento, fizeram ou fazem psicoterapia/análise, e por isso possuem ferramentas para lidarem com seus conflitos e história de vida, diminuindo muito mais a possibilidade de repetirem padrões aprendidos na infância, ou criarem doenças físicas e/ou emocionais.
Pessoas que nunca passaram por nenhum processo de autoconhecimento, dificilmente  relacionam suas dificuldades ou doenças na vida adulta com o que sofreram na infância, por total falta de conhecimento.
Há também aqueles que se lembram de sua infância, sofreram abusos, e ainda assim, negam seus traumas e não consideram suas dificuldades na vida adulta como consequências dos abusos sofridos na infância. Alguns podem sofrer de alexitimia (dificuldade em identificar e suas próprias emoções) ou como mecanismo de defesa.
O pior disso é que aquilo que não reconheço, tendo a repetir. Você sabia que a criança até os três anos e um pouco além aprende por repetição mais do que qualquer outro modo? Da concepção até os três primeiros anos, aprendemos os valores que teremos para o resto da vida.
É muito comum ouvirmos: “meu pai me batia muito, mas era porque eu merecia”, ou ainda: “agradeço as surras que levei, não me traumatizaram”. Pessoas que pensam assim estão muito equivocadas, pois todo abuso acarreta um trauma e suas consequências; isso não tem nada a ver com querer ou não, são processos automáticos.
A criança, em geral, sente que é culpada de tudo que acontece ao seu redor, só conhece o que vivencia e, muitas vezes, essas justificativas são resultados de uma rígida educação em que a regra era a obediência.
Quando a criança sofre algum abuso é importante que receba apoio e permissão para falar abertamente sobre sua dor, e que suas emoções sejam validadas sem críticas. Como isso raramente ocorre, infelizmente, os efeitos do trauma psíquico persistem além da infância.
O adulto que nega a realidade da sua infância está negando a si mesmo sua verdade, esquecendo que só a verdade poderá libertá-lo de dores que podem estar reprimidas no inconsciente e podem se fazer presentes por diversos sintomas. O reconhecimento do abuso é o primeiro passo para a prevenção.
Fonte:http://inadepe.com.br/sobre-o-abuso-emocional-e-as-sequelas-na-vida-adulta/

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