A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA AS CRIANÇAS E O RISCO PREOCUPANTE DOS ALIMENTOS PROCESSADOS NA SAÚDE E OBESIDADE INFANTIL NO MUNDO ATUAL
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Kawakanih Yawalapiti, 9 anos, do Alto Xingu, Mato Grosso (Foto: Gregg Segal)
Ensaio criativo: fotógrafo registra alimentação de crianças de diferentes países
O americano Gregg Segal pretende chamar a atenção em relação a obesidade infantil e a importância de estimular o consumo de alimentos saudáveis ainda na infância
Em um momento em que a obesidade infantil preocupa especialistas do mundo todo, o fotógrafo norte-americano Gregg Seggal resolveu não só perguntar o que as crianças comem, mas também fotografá-las ao lado dos seus cardápios.
O objetivo do projeto Daily Bread é conferir como a disseminação de alimentos ocidentais afetou a dieta das crianças globalmente, principalmente a questão de junk food - salgadinhos processados, adoçados e altamente salgados.
"Nos últimos dois anos, tenho andado pelo mundo, pedindo às crianças que escrevam um diário sobre tudo o que comem em uma semana. Quando terminam, eu faço um retrato da criança com a comida ao redor dela. Estou me concentrando nas crianças porque os hábitos alimentares, que se formam quando somos jovens, duram uma vida inteira e, muitas vezes, abrem caminho para problemas crônicos de saúde, como diabetes, doenças cardíacas e câncer", disse o fotógrafo à Time.
Em 2015, a Universidade de Cambridge realizou um estudo que revelou os países com as dietas mais saudáveis do mundo. Nove dos 10 principais países estão na África, onde vegetais, frutas, nozes, legumes e grãos são alimentos básicos e caseiros. Bem diferente dos EUA, onde quase 60% das calorias consumidas são de alimentos ultraprocessados e apenas 1% de legumes.
"Apesar da crescente conscientização aqui nos EUA sobre os danos causados pela ingestão de alimentos processados, a conscientização ainda não levou a uma mudança generalizada. As taxas de obesidade ainda estão subindo. Quarenta anos atrás, uma em cada 40 crianças era obesa. Hoje, 10 em 40 são", disse.
"Fui encorajado a encontrar regiões e comunidades onde a comida lenta nunca será substituída por junk food, onde as refeições caseiras são o alicerce da família e da cultura, onde o amor e o orgulho são sentidos nos aromas de caldos, guisados e caril. Quando a mão que mexe o pote é mãe ou pai, avó ou avó, as crianças são mais saudáveis. O objetivo mais profundo do Daily Bread é ser um catalisador para a mudança e vincular-se a uma comunidade crescente e de base que está mexendo a agulha na dieta", finalizou ele.
O fotógrafo passou pela África, Ásia, Europa e América do Sul, incluindo o Brasil, para fazer os registros que, em 2019, devem resultar em um livro. Aqui, os clicks aconteceram em Brasília e os modelos foram Ademilson, Davi e Watakanih. Gregg divulga as fotos em seu perfil @greggsegal nas redes sociais, onde faz uma breve perfil de cada personagem.
Obesidade infantil aumenta entre crianças americanas
Ao contrário do que se acreditava, índices não reduziram. Dos anos 1970 para cá, a obesidade nessa faixa etária mais do que triplicou nos EUA
Atualmente, a obesidade representa crise de saúde mundial, segundo a ONU. (Foto: Thinkstock)
Uma notícia desanimadora: crianças americanas de 2 a 5 anos apresentaram aumento acentuado nas taxas de obesidade severa entre 2015 e 2016, comparado com o ciclo anterior. O estudo, realizado entre 1999 e 2016 com crianças de 2 a 19 anos, teve resultado publicado no periódico científico Pediatrics no final de fevereiro.
Acreditava-se, até poucos anos atrás, que os números assustadores da epidemia de obesidade infantil nos Estados Unidos estavam em queda. “Não encontramos evidência de que o excesso de peso entre crianças e adolescentes tenha se tornado estável ou mesmo diminuído. Ao contrário, observamos aumento significativo de obesidade severa entre crianças de 2 a 5 anos desde o ciclo 2013-2014, uma tendência que se manteve em alta para muitos subgrupos”, concluíram os pesquisadores da Duke University, na Carolina do Norte, responsáveis pelo levantamento. Isso significa que a porcentagem de crianças e adolescentes afetadas pela obesidade mais do que triplicou desde os anos 1970.
O problema não é apenas dos Estados Unidos. No Reino Unido, 1 em cada 5 crianças de 10 a 11 anos é obesa. Na África, o número da obesidade infantil subiu de 4 para 9 milhões entre 1990 e 2016 de acordo com a Organizção Mundial de Saúde (OMS). O órgão informa que, globalmente, no mesmo período houve aumento de 32 pra 41 milhões de crianças obesas até 5 anos e descreve o problema como uma crise mundial de saúde.
Obesidade no Brasil
Segundo levantamento de 2017 feito pelo Ministério da Saúde, 1 em cada 5 brasileiros é obeso. O Guia Alimentar para a População Brasileira, desenvolvido em 2014 pela equipe do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, aponta que o excesso de consumo de alimentos ultraprocessados (aqueles que são preparados e temperados na fábrica e vendidos nas gôndolas dos mercados, como lasanha congelada, macarrão instantâneo, bolacha recheada, suco de caixinha, refrigerante, salgadinhos, sorvete de litro, nuggets etc.) contribuem para aumentar esse número, por conta do excesso de sal, de açúcar e também de aditivos químicos que não são comida de verdade. A troca das brincadeiras esportivas ao ar livre pelas estáticas telas de TV e tablets tampouco ajudam.
Entre os perigos associados à obesidade, estão os já conhecidos risco aumentado de desenvolver diabetes, AVC, artrite, alguns tipos de câncer e doenças do coração - problemas que podem já se manifestar na infância. Isso tudo implica em pelo menos outras duas questões: a diminuição da expectativa de vida e uma sobrecarga no sistema de saúde.
Obesidade cresce entre os brasileiros, diz Ministério da Saúde
Os dados revelam também a mudança de alguns hábitos, como o consumo de refrigerantes e a prática de atividades físicas, que podem ter um impacto direto no peso
Os hábitos alimentares dos adultos são ensinados às crianças desde cedo (Foto: Thinkstock)
O excesso de peso no Brasil cresceu 26,3% nos últimos dez anos, passando de 42,6% em 2006 para 53,8% em 2016. Esse é um dos resultados-chave da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada nesta segunda-feira (17) pelo Ministério da Saúde. Foram entrevistadas 53.210 pessoas maiores de 18 anos por telefone em todos os estados. Os dados mostram que o problema do excesso de peso, que se caracteriza pelo Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 25 quilos por metro quadrado (kg/m²), é mais comum entre os homens: passou de 47,5% para 57,7% no período. Já entre as mulheres, o índice passou 38,5% para 50,5%.
E não para por aí. De acordo com os dados, a prevalência de obesidade, definida pelo IMC acima de 30, duplica a partir dos 25 anos de idade e cresceu 60% em dez anos. Passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016. Esses números servem de alerta para toda a família.
“Isso acontece porque a alimentação vem errada desde a infância. O problema é ingerir mais carboidratos e alimentos energéticos, como pães, massas e arroz, e poucos alimentos com valores nutritivos, como legumes , frutas, e carnes magras”, explica o pediatra Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria. A pesquisa revelou também alguns hábitos alimentares que impactam diretamente no acúmulo de peso. Por exemplo, houve uma redução do consumo regular de refrigerante e suco artificiais - de 30,9% em 2007, para 16,5% em 2016, o que é uma ótima notícia. Os dados mostram também que apenas 1 entre 3 adultos consome frutas e hortaliças em cinco dias da semana – o que ainda é muito pouco. Além disso, o consumo regular de feijão, um dos ingredientes-base da alimentação do brasileiro, também diminuiu: foi de 67,5% em 2012 para 61,3% em 2016.
Outro ponto positivo: a prática de atividades físicas no tempo livre aumentou. Em 2009 o indicador era 30,3%, e em 2016, 37,6%. “O excesso de peso é resultado de uma alimentação inadequada e da falta de esportes”, comenta Ejzenbaum. Por isso, além de preparar em casa refeições saudáveis e pferecer porções adequadas à faixa etária dos filhos, é imprescindível incluir a atividade física na rotina de toda a família. Afinal, crianças que se acostumam a ter uma boa alimentação e praticar esportes têm menos chances de tornarem adultos que vão entrar para as estatíticas de pesquisas como essa.
O fim da pirâmide alimentar: foco deve ser nível de processamento dos alimentos
O Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, traz um novo olhar para a classificação dos alimentos e dá sinal vermelho para aqueles processados e ultraprocessados
Quanto menos processados os alimentos, melhor (Foto: Thinkstock)
Processados - Queijos, pães frescos, carne-seca, atum e sardinha em lata.
Ultraprocessados - Lasanha e nuggets congelados, macarrão e sopa instantâneos, refrigerantes, bolacha recheada, sorvete, mistura para bolo.
Ingredientes culinários - São aqueles fabricados a partir do alimento in natura, usados para cozinhar e temperar as receitas, como sal, banha de porco, óleos, manteiga, açúcar, vinagre.
Falta tempo para cozinhar? A nutricionista Paola Preusse, do blog Maternidade Coloridae colunista da CRESCER, dá dicas. A primeira é higienizar frutas, verduras e legumespreviamente. “Assim que chego da feira, já lavo as folhas; cozinho as verduras, cereais e leguminosas. Além disso, deixo as frutas com casca comestível já higienizadas na fruteira e, as grandes, como melancia e melão, picadas em potes de vidro na geladeira”, conta. Para ela, o congelador é um aliado dos pais. “Congelo o que for possível: feijão, carnes, molhos”, diz. Daí, é só chegar em casa e acrescentar alguma coisa fácil de preparar, como um purê fresquinho ou uma salada e pronto!
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