Saber escolher atividades ideais para os pequenos é essencial (Foto: Michael Dodge/Getty Images)
Saiba como identificar e desenvolver os talentos de seu filho
Pra despertar o Bach, Da Vinci e Neymar Jr. que existem no pequeno
Talento é uma tendência que já nasce com o indivíduo e pode melhorar com o treino. E para entender o que seria uma tendência natural, um talento inato, é preciso compreender primeiro como o neurodesenvolvimento funciona.
"Nosso cérebro é como um 'edifício' que resulta de uma 'planta' genética", explica Saada Ellovitch, neuropediatra do Núcleo de Neurologia do Hospital Samaritano Higienópolis (SP). "Se houver uma mudança de lugar, uma duplicação ou a falta de um pequeno pedaço de nossa sequência de aminoácidos (que formam as fitas de DNA), podem ocorrer alterações nessa 'planta' genética e, consequentemente, na construção e no resultado final do nosso 'edifício-cérebro'", completa.
A genética é responsável por cerca de 75% da expressão das nossas características. Os 25% restantes (que não são pouco e nem menos importante) são resultado das interações com o ambiente antes, durante e após o nascimento.
No ambiente intrauterino, a presença de agressores (como tabagismo, álcool, outras drogas, infecções ou a ausência de nutrição adequada) pode levar a alterações na construção do “edifício-cérebro”. No momento perinatal, também pode haver agressão, por falta de oxigenação.
Depois do nascimento, haverá todo o período do neurodesenvolvimento (até cerca de 24 anos de idade). Nesse tempo, ocorre a interação do gene com o ambiente, e isso pode melhorar ou piorar a expressão de tendências e características que podemos apresentar. Isso vale para o bem ou para o mal.
Segunda a médica, todas as interações pós-parto, com família, cuidadores, escola, ambiente socioeconômico e afins poderão desenvolver os melhores talentos e aptidões inatas dos pequenos. Ou em casos negativos, expressar traços de personalidade que podem piorar de acordo com o ambiente, levando a prejuízos mais severos ou até a expressar um transtorno mental.
Aí que entram os pais. A função deles é apresentar atividades, incentivar a persistência, motivar e observar os resultados. "Experiências precoces determinarão se os circuitos cerebrais serão fortes ou fracos", diz a Dra. Ellovitch. "Devemos apresentar as atividades precocemente, porém aceitando a velocidade do desenvolvimento dos filhos".
Há crianças que falam bem e cedo. Os pais contam histórias e leem livros, desde pequenas, pedindo para que elas recontem, para verificar se estão atentas e se compreendem, notando ótimos resultados.
Provavelmente elas terão bom desenvolvimento de leitura, compreensão e escrita, segundo a especialista. Valeria a pena colocá-las em escolas de idiomas aos dois anos para que sejam poliglotas? Ou incentivar a literatura para que sejam escritoras? Depende. Elas serão expostas a atividades motoras; algumas serão muito boas em várias delas e outras não.
Existe também o que os especialistas chamam de exposição precoce e observação. Os pais oferecem diversas brincadeiras e atividades do dia a dia e observam o desempenho da criança.
Mas o mais importante é oferecer experiências sensoriais, motoras, emocionais, despertar curiosidade e estimular imaginação e pensamento crítico, sempre atendendo ao ritmo de cada um.
"Sempre que possível, é interessante propor às crianças soluções de problemas que levem à reflexão, e não à resposta imediata, levantando questionamentos de 'como?' e 'por quê?'", aconselha a Dra. Ellovitch." Além de motivar, incentivar, desenvolver a concentração e a persistência no esforço, é imprescindível que os pais recompensem tudo isso com atenção e carinho", complementa a neuropediatra, que separou algumas dicas específicas para a identificação e desenvolvimento de talentos:
- Apontar figuras em livros e estimular a atenção visual já no berço;
- Contar pequenas historias com entonação teatral, gesticulação e caretas aos dois anos;
- Ler histórias pedindo para recontar, a partir dos dois anos;
- Estimular a parceria em ler e ouvir leitura de histórias dos seis aos 12 anos;
- Estimular o conhecimento pré-matemático dos dois aos quatro ou cinco anos – apresentando no dia a dia, e de forma lúdica;
- Ensinar noções como "pouco" e "muito" (quantidade), "perto" e "longe" (distância), "fino" e "grosso" (espessura), "pequeno" e "grande" (tamanho), "dentro" e "fora", "pesado" e "leve", "em cima" e "embaixo"; e depois os números propriamente ditos;
- A musicalidade e músicas mais específicas acompanham o estímulo de aprendizagem de outra língua.
Fonte:https://gq.globo.com/Paternidade/noticia/2018/02/saiba-como-identificar-e-desenvolver-os-talentos-de-seu-filho.html
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