O Brincar nas Perspectivas Freudiana, Kleiniana e Winnicottiana
Resumo: Quando se refere ao brincar existe a impressão de algo recreativo e divertido, porém, para psicologia e psicanálise, vai além das linhas do recreativo. O brincar ocupa um valor significativo no desenvolvimento humano. Neste trabalho tentou-se mostrar a importância do brincar na vida do infante e no processo terapêutico nas perspectivas dos teóricos: Freud, Klein e Winnicott. Visto que na psicanálise o brincar é utilizado como instrumento de avaliação e intervenção, permitindo ao analista acompanhar o desenvolvimento emocional da criança. Dando destaque à atividade lúdica da criança com expressão de seus desejos, traumas e elaboração dos seus conflitos.
Palavras-chave: brincar, desenvolvimento infantil, psicanálise.
1. Introdução
A brincadeira é algo observado na vida das crianças de praticamente todas as culturas. Quando se fala do brincar e/ou brinquedo, associa-se logo a uma atividade de sentido recreativo, porém para psicologia, vai além disso. O brincar proporciona a criança o desenvolvimento de diversas habilidades cognitivas, é de fundamental importância no processo de aquisição da linguagem, no processo de simbolização, com seus significados e significantes, permite que flua liberdade de criação da criança; de uma forma geral, o ato de brincar, possui um papel fundamental no desenvolvimento do infante.
O brincar vem sendo objeto de estudo da psicanálise e alguns autores tais como: Freud, Melaine Klein e Winnicott, entre outros, ocupam-se em analisar crianças que fazem uso do brincar. Diante de um tema tão vasto e importante como o brincar, sentiu-se que precisávamos ampliar nosso conhecimento sobre a temática por entender a sua relevância para clínica infantil e o trabalho com grupo de crianças. Tem-se como objetivo neste trabalho definir o conceito do brincar, averiguando a sua importância no desenvolvimento humano, observar o lugar do brincar na técnica psicanalítica com crianças, afinal:
A criança que não brinca, não se aventura em algo novo, desconhecido. Se ao contrário, é capaz de brincar, de fantasiar, de sonhar, está revelando ter aceito o desafio do crescimento, a possibilidade de errar, de tentar e arriscar para progredir e evoluir (LEBOVICI e DIATKINE 1985).
2. O Brincar
Ao falar do brincar, é necessário definir seu conceito, diferenciando-o de outras formas de comportamento. Uma possível definição do conceito de brincar, de acordo com Kishimoto (1998), é que este se caracteriza como um comportamento que possui um fim em si mesmo, que surge livre, sem noção de obrigatoriedade e exerce-se pelo simples prazer que a criança encontra ao colocá-lo em prática.
A teoria do brincar desenvolvida por Winnicott (1975) parte da consideração que a brincadeira é primária, e não produto da sublimação dos instintos. É uma forma básica de viver, universal e própria da saúde, que facilita o crescimento e conduz aos relacionamentos grupais. O brincar deve ser visto como uma experiência criativa. Para Winnicott (1975) o brincar é um indicador da saúde, do desenvolvimento e do sentimento de ser do bebê. O prazer na brincadeira, é a garantia de saúde de quem brinca.
Pode-se dizer que o brincar de Winnicott se situa entre os dois campos propostos por Freud relacionados a experiência dos indivíduos, um campo que se refere à experiência psíquica, pessoal e interna de cada um, e outro que fala da realidade externa e compartilhada socialmente. Winnicott fala de um campo intermediário, que faz a transição entre os pólos freudianos, ele considera o brincar, como sendo uma ponte entre esse mundo interno psíquico e externo do sujeito.
Na teoria de Klein (1991) o brincar é o meio natural de auto-expressão da criança de libertar-se de seus sentimentos e problemas, da mesma maneira que, em certas formas de terapia para adultos o indivíduo desenvolve suas dificuldades falando. Como descreve Klein:
Ao interpretar não apenas as palavras das crianças mas também suas atividades com seus brinquedos, apliquei este princípio básico à mente da criança, cujo brincar e atividades variadas – na verdade, todo o seu comportamento – soa meios de expressar o que o adulto expressa predominantemente através de palavras (KLEIN 1991).
Para Freud (1908), a criança brincando cria um mundo próprio ou rearranja as coisas de seu mundo numa forma que lhe agrada. A criança leva seu jogo a sério e investe emoção nele. Observamos a confirmação dessa ideia de Freud em sua Obra Além do Princípio do Prazer (1920), em que ele relata a experiência do seu neto, uma criança de 1 ano e 6 meses, que brincava com um carretel de madeira com um pedaço de cordão, amarrado em volta dele, que o fazia desaparecer enquanto a criança expressava “fort”(fora), puxava então o carretel e o fazia reaparecer exclamando "da"(aqui); a essa experiência Freud chamou de "Fort-da", sendo interpretado como um jogo que a criança fazia para suportar a ausência da mãe. Essa brincadeira, segundo a interpretação de Freud:
[...] se relacionava à grande realização cultural da criança, a renúncia instintual (isto é, a renúncia à satisfação instintual) que efetuara ao deixar a mãe ir embora sem protestar. Compensava-se por isso, por assim dizer, encenando ele próprio o desaparecimento e a volta dos objetos que se encontravam a seu alcance (FREUD 1920).
Apesar dos autores acima destacarem a importância do ato de brincar ao longo de suas obras, pode-se observar em seus textos divergências no modo como percebem o brincar. O que propõe Winnicott é algo diferente, ele olha para o brincar em si como um objeto de estudo, já Klein e Freud, vem a brincadeira como uma forma de comunicação extremamente importante para a sessão com crianças.
Segundo Winnicott (1975) o brincar começa na relação mãe-bebê, quando a mãe torna concreto aquilo que o bebê está pronto para encontrar. O objeto proposto por ela é repudiado, aceito de novo e objetivamente percebido. Se a mãe pode desempenhar esse papel por certo tempo, sem impedimentos, então o bebê tem certa experiência de controle mágico, isto é, experiência daquilo que é chamado de onipotência. O bebê começa então a fruir baseadas em uma relação da onipotência dos processos intrapsíquicos com o controle que tem do real. Esse processo complexo é altamente dependente da mãe ou figura materna, à importância disso reveste-se no fato de que o bebê desenvolve a capacidade de confiar na mãe, e consequentemente, nas demais pessoas que o circundam. Winncott afirma que
A confiança do bebê na mãe “cria aqui um playground intermediário, onde a ideia de magia se origina, visto que o bebê, até certo ponto, experimenta onipotência”. Ao usar o termo playground o autor tinha em mente o brincar, uma vez que neste momento começa a brincadeira. O playground é o espaço potencial existente entre a mãe e o bebê, ou o que os une (WINNICOTT, 1975, p. 71).
Para o psicanalista infantil, a “precariedade do interjogo” (WINNICOTT, 2008, p.71) é a precariedade da magia resultante da intimidade da relação que é descoberta pelo bebê como confiável. Para que esta relação de confiança se estabeleça, é necessário um ambiente facilitador, ou seja, uma mãe suficientemente boa, aquela capaz de atender o bebê na medida certa de suas necessidades. Não havendo a precariedade do interjogo, havendo essa mãe suficientemente boa, a criança desenvolve a capacidade de ficar só na presença de alguém, isto quer dizer
A criança está brincando agora com base na suposição de que a pessoa a quem ama e que, portanto, é digna de confiança, e lhe dá segurança, está disponível e permanece disponível quando é lembrada, após ter sido esquecida. Essa pessoa é sentida como se refletisse de volta o que acontece no brincar (WINNICOTT, 2008).
Outro ponto muito importante dentro da teoria do desenvolvimento infantil elaborada por Winnicott e que também está relacionada ao brincar é a questão do self. Relata o teórico (1975) que é apenas no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral, e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (self). O brincar acontece naquela zona intermediária entre eu e não-eu, ou seja, entre o mundo interno do bebê e o externo, entre o indivíduo e o ambiente. É aqui que a experiência criativa necessária para a estruturação do self acontece. Desta forma, compreende-se que tanto o brincar como a criatividade estão na base do processo psíquico que estrutura o self.
Pode-se dizer que a tranquilidade que nasce das experiências de confiança é a base para a atividade criativa que se manifesta na brincadeira. A soma destas muitas experiências de relaxamento Q e criação é que permitem a formação de um sentimento verdadeiro de self. É no brincar e talvez apenas no brincar que a criança e o adulto experimentam liberdade suficiente para criar e criar-se. É um espaço potencial, ou seja, um espaço onde toda a potência do indivíduo se mobiliza em busca de uma concretização não obsessiva.
O conceito de objeto transicional é extremamente importante na construção teórica de Winnicott, diz respeito à primeira possessão do infante de algo que diz respeito ao não- eu. Conforme Winnicott (1975), os objetos transicionais e os fenômenos transicionais pertencem ao domínio da ilusão que está na base do início da experiência. A ilusão que o autor se refere, é a do bebê como “criador” do objeto. Este processo depende da capacidade da mãe de se adaptar as necessidades do infante. Uma falha neste processo que permite o bebê ter a ilusão de criar o objeto terá repercussão no brincar, como vemos em:
Todo objeto é um objeto descoberto. Dada a oportunidade, o bebê começa a viver criativamente e a utilizar objetos reais, para neles e com eles ser criativo. Se o bebê não receber essa oportunidade, então não existirá a área em que possa brincar ou ter experiência cultural, disso decorrendo que não existirão vínculos com a herança cultural, nem contribuição para o fundo cultural (WINNICOTT, 1975, p. 31)
Ao contrário do que muitas vezes se pensa que, a criança não leva esse mundo do brincar a sério, Freud (2006) nos diz que é bastante séria a brincadeira onde há investimento de muita emoção. Como afirma o mesmo,
A antítese de brincar não é o que é sério, mas o que é real. Apesar de toda a emoção com que a criança catexiza seu mundo de brinquedo, ela o distingue perfeitamente da realidade, e gosta de ligar seus objetos e situações imaginados às coisas visíveis e tangíveis do mundo real. Essa conexão é tudo o que diferencia o brincar infantil do fantasiar (FREUD, 2006).
Tanto Klein, quanto Winnicott e Freud acreditam que é pelo brincar, simbolizando, falando e representando os conteúdos que a perturbam, que as crianças revelam e podem elaborar momento traumáticos que ocorreram durante seu desenvolvimento. Winnicott (1975) confirma isto, quando revela que é fácil perceber que as crianças brincam por prazer, mas é muito mais difícil para as pessoas verem que as crianças brincam para dominar angústias, controlar idéias ou impulsos que conduzem a angústia se não forem dominados.
Freud (1920 apud HINSHELWOOD, 1992, p.25) afirma que em seu brincar, as crianças repetem tudo que lhes causou grande impressão na vida real e, assim fazendo, ab-reagem à força da impressão e, como se poderia dizer, tornam-se senhores da situação.
A variedade de situações emocionais que podem ser expressas através de atividades lúdicas é ilimitada: por exemplo, sentimento de frustração e de ser rejeitado; ciúmes do pai e da mãe; agressividade; o prazer; ansiedade, culpa e necessidade premente de fazer reparação. No brincar da criança, também encontramos a repetição de experiências e detalhes reais da vida cotidiana, freqüentemente entrelaçados com suas fantasias (KLEIN 1991).
Voltando-se agora para a obra de Klein, em seus escritos, na medida em que estudava a brincadeira, mantinha seu interesse centrado quase que inteiramente no uso desta. A terapeuta busca a comunicação da criança e sabe que geralmente ela não possuí um domínio da linguagem capaz de transmitir as infinitas sutilezas que podem ser encontradas na brincadeira por aqueles que as procuram, postula Winnicott (1975) Sendo a primeira psicanalista a utilizar as brincadeiras infantis como equivalentes à associação livre da análise dos adultos, M. Klein especializou-se na análise de crianças, usando uma técnica específica, através da técnica do brincar, onde o tratamento é feito com brinquedos, pinturas, desenhos e modelagem. Tendo por objetivo a recuperação do interesse da criança pela vida, para que a mesma seja mais saudável e feliz (COSTA, 2010).
De acordo com Segal (1975) no que se refere ao atendimento clínico, M. Klein (1931) notou que as brincadeiras das crianças, os seus jogos, as suas histórias e encenações que inventam, os desenhos que fazem, tudo poderia ser visto e escutado como se fosse o falar do adulto. Propôs que desde que possamos falar com a criança em sua linguagem e de forma compreensível, as interpretações dadas a elas, podem produzir um efeito profundo em seu psiquismo, proporcionando significativa melhora em sua vida social, emocional e intelectual.
Klein (1931) considerava que, assim como as associações aos elementos do sonho do adulto levavam a descoberta do conteúdo latente (inconsciente), o mesmo ocorria em relação aos jogos infantis. Analisando o brincar com o modelo do sonho, foi possível chegar ao cerne da fantasia inconsciente. Assim como na análise de adultos as brincadeiras infantis poderiam nos levar a conhecer os significados latentes, e estabelecer correlações com situações experimentadas ou imaginadas por elas, fornecendo á criança a possibilidade de elaborar tais situações. A análise então ajudaria a criança a resolver fixações e a corrigir erros evolutivos que estariam impedidos ou perturbando seu desenvolvimento.
A meta é que a criança alcance, por meio do brincar na análise e de suas interpretações, o domínio da angústia que a aflige, que lhe rouba a maior parte de sua energia psíquica e lhe causa sofrimento. Ao brincar, até a criança bem pequena procurará superar as experiências desagradáveis. Ao brincar a criança não somente supera a realidade penosa, mais o brinquedo a ajuda a dominar os medos instintivos e perigos internos, pela projeção destes no mundo exterior. A criança consegue deslocar os processos intrapsíquicos para o exterior.
Os brinquedos, no entanto, não são o único requisito para uma análise através do brincar. Muitas das atividades das crianças são por vezes realizadas em torno da pia, que é equipada com uma ou duas tigelinhas, copos e colheres. Frequentemente a criança desenha, escreve, pinta, recorta, concerta brinquedos e assim por diante. Às vezes brinca com o jogo a que atribui papel ao analista e a si mesmo, tais como brincar de loja, médico e paciente, escola, mãe e criança. Em tais jogos, frequentemente a criança assume o papel do adulto, expressando assim não apenas o seu desejo de reverter os papeis, mas demonstrando também como sente que seus pais ou outras pessoas de autoridade comportam-se em relação a ela – ou deveriam comportar-se. Algumas vezes ela dá vazão a sua agressividade e ressentimento sendo, no papel de um dos pais, sádica em relação à criança, representada pelo analista (KLEIN 1991).
A brincadeira em análise segue o paradigma do "jogo da espátula", proposto por Winnicott (1982) pra mães com seus bebês em sua clínica pediátrica, ele observou que esse jogo apresentava naturalmente três períodos consecutivos: hesitação, apropriação e desinvestimento do objeto, após diversas situações observadas, ele concluiu que era necessário propiciar à criança uma experiência completa, que incluía esses três períodos, o que provocava uma mudança em sua vida psíquica.
Winnicott também chama-nos a atenção à sensibilidade ao ritmo da criança que devemos ter, procurando respeitar seu tempo individual. O Psicanalista sugere ao terapeuta de crianças que o espaço de brincar tenha maior importância do que o momento das "argutas interpretações" (WINICOTT, 1975, p.75). Aliás, interpretar quando o paciente não tem capacidade de brincar simplesmente não é útil ou causa confusão:
Minha descrição equivale a um pedido a todo terapeuta para que permita a manifestação da capacidade que o paciente tem de brincar, isto é, de ser criativo no trabalho analítico. A criatividade do paciente pode ser facilmente frustrada por um terapeuta que saiba demais. Naturalmente, não importa, na realidade, quanto o terapeuta saiba, desde que possa ocultar esse conhecimento ou abster- se de anunciar o que sabe (WINICOTT, 1975, p. 83-84).
De acordo com Klein (1991) é parte essencial no trabalho interpretativo que ele se mantenha em compasso com as flutuações entre amor e ódio, entre felicidade e satisfação de um lado e ansiedade persecutória e depressão do outro. Isso implica que o analista não deve mostrar desaprovação por a criança ter quebrado um brinquedo, mas ele também não deve, no entanto, encorajar a criança a expressar sua agressividade, ou sugerir a ela que o brinquedo poderia ser consertado. Em outras palavras, ele permitiu à criança vivenciar suas emoções e fantasias na medida em que aparecem.
Apesar das divergências em suas teorias e técnicas, Freud, Winnicott e Klein, principalmente os dois últimos, dedicaram parte da sua vida ao estudo da Psicanálise no tratamento do infante. Contribuíram para que através de atividades lúdicas seus clientes pudessem elaborar conflitos, dissolver angústia e sintomas, dando lugar à saúde mental, podendo nossas crianças brincar de forma criativa e saudável.
3. Considerações Finais
Neste artigo de cunho descritivo, sobre a teoria do brincar acerca de uma abordagem psicanalítica, sobre o olhar de Winnicott, Klein e Freud, teve como objetivo ressaltar a importância do brincar no desenvolvimento infantil e também a importância do ato como um instrumento no setting analítico com crianças.
Constatou-se que o brincar constitui um ato de suma importância no desenvolvimento humano, e com isto observa-se de uma forma unânime na obra de todos os teóricos pesquisados, pois estas revelam a importância do ato para a criança seja qual for sua cultura.
Passou-se a enxergar o brincar como representante psíquico dos processos interiores: se a criança não brinca, é sinal que algo acontece de errado no curso de seu desenvolvimento. O não brincar é um grito de socorro por parte da criança, indica sofrimento psíquico.
Se o paciente não pode brincar, o trabalho do analista é ajudá-lo a sair desta impossibilidade para a situação do que brinca. Se o analista ele mesmo não pode brincar, neste caso simplesmente não serve para o ofício, pois no tratamento psicanalítico, não se trata apenas da brincadeira por parte da criança, e sim de uma brincadeira a dois, em que o analista entra no processo de transferência, juntando-se as crianças nas brincadeiras, mas mantendo um olhar e escuta analítica.
A criança que brinca, é a criança que teve uma boa elaboração do espaço potencial com sua mãe, é a criança que aprendeu a estar sozinha, é a criança que elaborou sua capacidade de criatividade, ou seja, é uma criança saudável. A brincadeira compulsiva, a brincadeira repetida, ou a busca exagerada de prazer na brincadeira, evidencia a ameaça de um excesso de angústia, indicando também sofrimento psíquico.
Os que observam o comportamento infantil concordarão que o brincar se manifesta sob várias formas: escorregar, escalar obstáculos, pular, chutar bola, manusear brinquedos, imitar adultos, manipular areia, modelar, etc. O riso ou sorriso, o contentamento, assim como a concentração, o esforço a seriedade, e até a tensão moderada podem revelar-se na expressão fisionômica da criança enquanto brinca; cada detalha do comportamento, tais como mudanças na postura ou na expressão facial, podem dar uma pista sobre o que está se passando na mente da criança, possivelmente em conexão com o que o analista ouviu dos pais sobre as suas dificuldades.
Brincar e criar são, sobretudo, um modo de o analista se portar diante de seu paciente, esperando que ele mesmo possa brincar e criar com e através de sua patologia, aprender com ela e a partir dela. O analista aceita a patologia, aceita o caos, e espera paciente o brincar criativo. Não busca coerência onde ela não existe, não organiza precipitadamente. A vivência desprotegida da sessão pensada próxima ao brincar promove o encontro do outro e promove o encontro de si mesmo, do self verdadeiro, na expressão winnicottiana.
Fonte: https://psicologado.com/abordagens/psicanalise/o-brincar-nas-perspectivas-freudiana-kleiniana-e-winnicottiana © Psicologado.com
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