IMAGENS REVELAM ALTERAÇÕES CEREBRAIS LIGADAS AO AUTISMO EM BEBÊS AINDA NO ÚTERO MATERNO E TAMBÉM DEPOIS AUMENTO DE ESTRUTURAS CEREBRAIS EM BEBÊS COM AUTISMO

   

Imagens das ressonâncias de cérebros dos 39 fetos (Foto: Alpen Ortug and Emi Takahashi, Harvard Medical School)

Imagens das ressonâncias de cérebros dos 39 fetos (Foto: Alpen Ortug and Emi Takahashi, Harvard Medical School)

  • REDAÇÃO GALILEU
 ATUALIZADO EM 


Um estudo apresentado nesta terça-feira (5) durante a Reunião de Biologia Experimental, promovida anualmente pela Associação Americana de Anatomia, pode trazer novas pistas para a ciência entender melhor o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A partir de imagens de ressonância magnética, os autores conseguiram detectar alterações cerebrais em fetos de aproximadamente 25 semanas de gestação ligadas ao desenvolvimento posterior do transtorno. 

Os autistas podem apresentar dificuldades em processos comunicativoscognitivos, de consciência e percepção emocional. Mesmo com os tratamentos existentes, a origem da condição ainda é um mistério. Daí porque a pesquisa, liderada por uma equipe da Escola de Medicina da Universidade Harvard, nos EUA, é promissora. 

Com intuito de descobrir se exames pré-natais conseguem identificar autismo, os estudiosos conduziram de uma análise retrospectiva de imagens de ressonâncias magnéticas de 39 crianças atendidas no Hospital Infantil de Boston. “Dado que muitos fatores genéticos e ambientais podem afetar o surgimento do TEA nos estágios fetais, é ideal identificar a primeira assinatura de anormalidades cerebrais em pacientes com autismo em perspectiva”, diz, em nota, Alpen Ortug, pesquisadora da Escola de Medicina de Harvard e primeira autora do estudo.

Entre os casos analisados, nove crianças foram diagnosticadas com autismo quando mais velhas, 20 eram neurotípicas e 10 não tinham TEA, mas apresentavam condições de saúde comuns a autistas.

Os autores, então, utilizaram um software com método de rotulagem anatômica automatizada,  conhecido por ser um “atlas” do cérebro humano, para comparar os segmentos cerebrais nas 39 imagens. 

Nos bebês que mais tarde desenvolveram TEA, o lobo insular tinha um maior volume em comparação com os outros durante a gravidez. A ínsula é uma região profunda do cérebro que tem relação com consciência perceptiva, comportamento social e tomada de decisões. Essa descoberta se alinha com outros estudos que sugerem que essas diferenças podem começar ainda no útero

Os pequenos com autismo também apresentavam diferenças em outras regiões da massa cinzenta. No caso, a amígdala e a comissura do hipocampo, que também eram significativamente maiores em comparação a crianças com outras condições de saúde, mas não TEA. A ideia é que o estudo ajude a permitir o diagnóstico o quanto antes. "A detecção precoce significa um melhor tratamento", ressalta Ortug.

Fonte:https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2022/04/imagens-revelam-alteracoes-cerebrais-ligadas-ao-autismo-em-bebes-ainda-no-utero.html


A amígdala (em vermelho) cresce muito rapidamente em bebês (6-12 meses) que mais tarde desenvolvem autismo quando crianças (Foto: CIDD/ Universidade da Carolina do Norte )

A amígdala (em vermelho) cresce muito rapidamente em bebês (6-12 meses) que mais tarde desenvolvem autismo quando crianças (Foto: CIDD/ Universidade da Carolina do Norte )

ciência já sabe que a amígdala, uma pequena estrutura cerebral, é particularmente grande em crianças com autismo. Essa parte do cérebro tem um papel importante em nos permitir interpretar o significado de certos estímulos, como reconhecer emoções em rostos e imagens que nos informam sobre perigos potenciais.

Agora, pela primeira vez, pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (UCN Chapel Hill), nos Estados Unidos, demonstraram, em estudo publicado nesta sexta-feira (25) no American Journal of Psychiatry, que a amígdala cresce rapidamente na primeira infância. O crescimento anormal começa entre os primeiros 6 e 12 meses de vida, antes da idade em que os comportamentos característicos do autismo se tornam mais evidentes, permitindo o diagnóstico precoce.

O trabalho observou que o aumento da amígdala em bebês que mais tarde foram diagnosticados como autistas diferiu substancialmente dos padrões de crescimento do cérebro em crianças com outros transtornos do neurodesenvolvimento, como a síndrome do X frágil. Nessas, não foram observadas diferenças na evolução da estrutura cerebral.

Segundo o estudo, os pequenos que desenvolvem autismo não mostram diferença no tamanho da amígdala aos 6 meses de idade. No entanto, ela começa a crescer mais rapidamente a partir desse momento até o primeiro aniversário. Esse aumento continua até os 2 anos, quando geralmente já é possível identificar comportamentos característicos de transtornos do espectro autista.

Bebê dormindo antes da ressonância magnética  (Foto: CIDD/ Universidade da Carolina do Norte )

Bebê dormindo antes da ressonância magnética (Foto: CIDD/ Universidade da Carolina do Norte )

“Também descobrimos que a taxa de crescimento excessivo da amígdala no primeiro ano está ligada aos déficits sociais da criança aos dois anos de idade”, diz o autor Mark Shen, professor assistente de psiquiatria e neurociência na UCN Chapel Hill, em comunicado. “Quanto mais rápido a amígdala crescia na infância, mais dificuldades sociais a criança apresentava quando diagnosticada com autismo um ano depois.”

No total, participaram da investigação 408 bebês, sendo que 58 tinham maior probabilidade de serem diagnosticados como autistas por já terem um irmão mais velho com a condição. Outras 212 crianças também se mostravam propensas, mas não desenvolveram o transtorno. Já 109 voluntários apresentaram um desenvolvimento considerado típico e 29 eram portadores da síndrome do X frágil. Mais de 1 mil exames de ressonância magnética foram feitos durante o sono aos 6, 12 e 24 meses de vida dos participantes.

Estudos anteriores da equipe revelaram que, embora as características comportamentais do autismo não estejam presentes aos 6 meses de vida, crianças mais tarde diagnosticadas como autistas têm problemas durante a primeira infância para atender a estímulos visuais de seu entorno. Uma hipótese é que essa dificuldade possa aumentar o estresse na amígdala, levando ao seu crescimento excessivo.

“Nossa pesquisa sugere que um momento ideal para iniciar intervenções e apoiar crianças com maior probabilidade de desenvolver autismo pode ser durante o primeiro ano de vida. O foco de uma intervenção pré-sintomática pode ser estimular o processamento visual e sensorial em bebês antes mesmo de os sintomas sociais aparecerem”, propões o autor sênior da pesquisa, Joseph Piven, professor de psiquiatria e pediatria da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.

Fonte:https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2022/03/cientistas-identificam-aumento-de-estruturas-cerebrais-em-bebes-com-autismo.html



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