VÍCIO EM TELAS: CRIANÇAS EXAGERARAM NO USO E SOFREM CONSEQUÊNCIAS, INCLUSIVE COM PIORA DA MIOPIA E DIFICULDADES DE SOCIALIZAÇÃO

  

Três Caminhos para Acabar com o Vício nas Telas

O uso de telas de forma exagerada e desmedida na nossa sociedade não é uma novidade.

Dos idosos às crianças, vemos todos vivendo os desafios de se reconectarem entre si e saírem das telas. Mas por que as telas viciam tanto? Qual o melhor caminho para retomarmos a conexão conosco e com os outros? Como tirar meu filho da tela, após vivermos anos onde a escola, os amigos e família só existiam através delas?

Esses questionamentos fazem parte de todas as famílias e, antes de querermos estar no caminho da retirada e do uso controlado e equilibrado dessa tecnologia, precisamos compreender suas ações em nosso cérebro para garanti que os nossos filhos criem a habilidade do autocontrole, do equilíbrio, da responsabilidade, da atitude positiva e da inteligência emocional. Habilidades humanas e comportamentais – as chamadas Soft Skills – que são essenciais para a formação integral e saudável de qualquer criança.

Estudos na área da neurociência da educação comprovam que o cérebro está totalmente formado por volta dos 20 aos 25 anos de idade e que a área responsável pelo autocontrole inicia seu processo entre 5 e 7 anos de idade. Com essas informações reforçamos a importância de toda criança e adolescente ter em casa um adulto que consiga auxiliar seu processo de desenvolvimento compreendendo seus desafios.

Além deste cérebro infantil ou adolescente ainda não estar totalmente maduro, as telas possuem mecanismos que viciam. Existem muitos estudos e pesquisas por traz de todo desenvolvimento de jogos e das redes sociais para que cada usuário se sinta cada vez mais conectado à tela e não a outros programas e passeios.

A  liberação da dopamina no corpo – um neurotransmissor que atua diretamente com a motivação e como estímulo reforçador – atua no sistema de recompensa e, por isso, muitas pessoas conectam as telas ao prazer. Durante o uso das telas, sejam elas de qualquer natureza, celular, tablets, televisão ou  videogames, a liberação deste neurotransmissor acontece a cada 8 minutos, aproximadamente, revelando o poder viciante que elas possuem.

Portanto, com a informação de que o cérebro não está totalmente “maduro” na infância e adolescência, conseguimos entender os motivos de estarmos com tantas consequências ruins diante do uso desenfreado das telas. Médicos de diversas áreas e especialistas em educação mostram o quanto a infância vem sofrendo com isso: Há um aumento de casos de miopia, comprometimento do desenvolvimento motor, aumento da obesidade, baixo rendimento escolar, infelicidade e depressão infantil, entre outros prejuízos

Oriento três caminhos para que você se reconecte com seu filho, seja ele uma criança ou adolescente, sabendo que quanto menor, mais fácil e tranquilo esse processo será, e quanto maior, mais desafiador ele irá se tornar, porém, jamais impossível.

1) Inicie com a conexão: se conecte ao seu filho, mesmo que a tela ainda faça parte. Invista em estar junto dele, em assistir o que ele assiste, em jogar com ele, demonstre interesse genuíno por ele. A conexão é a ferramenta mais poderosa no uso equilibrado das telas, porém, ela é construída diariamente com os nossos filhos. Não é como um wi-fi, uma vez estabelecido, fica sempre salvo em sua rede.

2) Crie com seu filho combinados para a família e não apenas para ele. Exemplo: na refeição, vamos todos deixar o celular no quarto; ou analise o tempo de uso de cada membro da família e combinem juntos uma meta de diminuição; ou aos domingos faremos um passeio no parque e iremos todos sem celular…

3) Assuma a sua autorresponsabilidade diante do vício do seu filho. Não foi ele quem se viciou. Somos nós, mães, pais, adultos, que presenteamos os nossos filhos com esses aparelhos e que deixamos a conexão de lado, para fazermos outras tarefas. A criança ou o adolescente não são nem responsáveis e nem culpados por isso. Quando mudamos a nossa mentalidade, conseguimos enxergar além e de verdade verificarmos qual vazio emocional as telas estão preenchendo.

A partir do momento que conseguimos iniciar este caminho de conexão, podemos pensar no desenvolvimento das soft skills, tão essenciais para os dias de hoje e que podemos oferecer às crianças, garantindo a elas um futuro brilhante, já que terão habilidades necessárias para lidar com qualquer situação ou desafio.

Fonte: Beatriz Montenegro é pedagoga, Neuropsicopedagoga e Educadora Parental pelo API (Certificado Internacional de Apego Seguro). Apaixonada por desenvolvimento infantil e pela capacidade de transformação do ser humano atua em consultório particular com atendimentos de crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem, realizando mentoria às famílias que buscam conexão na relação com seus filhos. 

Fonte:https://guiadobebe.com.br/tres-caminhos-para-acabar-com-o-vicio-nas-telas/


Vício por telas: crianças exageram no uso e sofrem consequências

Média é de quase 4 horas por dia em frente a aparelhos eletrônicos

Por Anderson RochaPublicado em 10 de fevereiro de 2023 | 03h00 - Atualizado em 9 de fevereiro de 2023 | 15h22

Em 2021, aos 6 anos, Arthur começou a pedir um celular após ver os coleguinhas de escola com o aparelho, e acabou ganhando um smartphone de presente da tia. “Em seis meses de uso constante, ele passou a ficar entediado facilmente, jogar os brinquedos no chão, não tinha paciência para brincar e ficava ansioso quando estava longe do celular”, contou a mãe do menino, a empresária Ana Lúcia do Carmo Valentim Flaviano Cezario, de 41 anos, moradora de BH.

Para piorar, ele não estava desenvolvendo bem a leitura. “Eu percebi a tempo. Tirei o celular, que fica guardado. Inseri livros criativos e jogos educativos, mas ele ainda ficava muito irritado. Aos poucos, foi melhorando, inclusive a leitura. Hoje a situação está bem melhor, e ele só usa o aparelho em viagens longas, de carro”, contou a empresária.

A situação vivida por Ana Lúcia e o marido é cada vez mais comum nos lares. Estudo divulgado recentemente pelo instituto Opinion Box, especializado em soluções digitais de pesquisa, indica que as crianças brasileiras passam, em média, quase quatro horas por dia em frente a telas móveis – o dobro do recomendado para determinadas idades (confira mais aqui e aqui) – e que 44% delas já tem um smartphone próprio – quanto maior a idade, maiores os percentuais.

Especialistas dizem que o manuseio excessivo de telas pode danificar diferentes regiões cerebrais, e as consequências são muitas: dependência, dificuldade para dormir, terrores noturnos, problemas de memória e concentração, redução do rendimento escolar etc. “São diferentes estruturas sensoriais, essenciais para a modulação da arquitetura cerebral, que têm a função afetada”, afirma a neurologista do Hospital Felício Rocho, Rosaína Lima.

A socialização, tão importante para o desenvolvimento infantil, também é prejudicada. Uma pesquisa realizada pelas universidades Federal do Ceará e de Harvard, dos Estados Unidos – que acompanham, desde 1987, mais de 3.000 crianças de 0 a 5 anos –, mostrou que cada hora adicional de uso de telas contribuiu para menos pontos nos domínios de comunicação e capacidade de resolução de problemas pessoais-sociais.

Fonte: https://www.otempo.com.br/cidades/vicio-por-telas-criancas-exageram-no-uso-e-sofrem-consequencias-1.2811291

Exposição excessiva a telas pode causar também irritação e ressecamento dos olhos — Foto: Rodney Costa/ O Tempo

Visão é muito prejudicada: abuso de tela piora quadro de miopia, revela estudo

Quase 70% das crianças tiveram evolução do grau; casos podem virar catarata e glaucoma

Por Anderson RochaPublicado em 10 de fevereiro de 2023 | 03h00 - Atualizado em 9 de fevereiro de 2023 | 15h24

Além de afetar o desenvolvimento infantil, o excesso de telas – de telefone, tablets, PCs e TVs – por crianças é cruel com a saúde ocular. Um dos principais problemas é a miopia, distúrbio sofrido por pessoas que têm a córnea mais curva do que o esperado, o que dificulta a visão de longe. Em míopes, o vício em celular pode acelerar a progressão de grau. O avanço é perigoso porque, acima do nível cinco, pode resultar em descolamento de retina e incidência maior de catarata e glaucoma.

Levantamento feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) mostrou que a miopia avançou em 67% das crianças e dos adolescentes atendidos em consultórios do país de 2020 até o ano passado.

Segundo o oftalmologista Luiz Carlos Molinari, diretor da Sociedade Mineira de Oftalmologia (SMO) e da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), o aumento pode ser interpretado como resultado da junção de alguns fatores, como o isolamento social, o crescimento do uso de telas no período devido às aulas online e a diminuição da exposição solar para atividades ao ar livre por causa da Covid-19.

“A luz do dia aumenta a produção do hormônio dopamina. Esse, por sua vez, é um impeditivo para que a miopia progrida”, explicou o médico. A falta de sol, aliás, atrapalha o chamado ritmo circadiano – um regulador natural do sono, da fome e do humor.

Em outros casos, a exposição excessiva a telas pode resultar em ressecamento dos olhos, causando irritação, sensibilidade e vermelhidão. O fato ocorre porque, quando a criança está muito atenta à tela, costuma se esforçar para não piscar. O ato é danoso. De acordo com o Ministério da Saúde, piscar com mais frequência e fazendo pausas repetidas lubrifica as córneas, descansa a vista e auxilia no combate à chamada “síndrome da visão de computador”, que causa fadiga ocular, ressecamento e visão borrada.

“Do ponto de vista ocular, as crianças com mais de 2 anos já podem ter uma exposição à tela. Porém, a gente tem que limitar muito as horas de exposição para não ter os prejuízos oriundos do excesso”, afirmou o oftalmologista Tiago César Pereira Ferreira, professor da Faculdade Ciências Médicas.

Surdez

Outro problema associado ao uso excessivo de telas é a combinação com fones de ouvido em alto volume. “O uso indiscriminado dos fones pode causar trauma acústico e perda auditiva induzida pelo ruído, de caráter irreversível”, explicou a neurologista Rosaína Lima, do hospital Felício Rocho.

Azul do mal

As telas emitem a chamada luz azul, que é produzida pelos LEDs. Essa luz afeta a produção da melatonina, hormônio que induz o sono. Ela também causa envelhecimento precoce da pele. Em bebês expostos passivamente ao brilho, o desenvolvimento da fala é atrasado.

Celular não é vilão, basta saber usar, dizem especialistas

O uso de celular não é de todo ruim. A educadora parental Lua Barros lembra as vantagens do uso do aparelho. “Há muito conteúdo interessante, construtivo, que nossos filhos podem acessar, e que vão ajudar na escola, nas relações interpessoais e até na forma como eles percebem o mundo”, disse.

As redes sociais também trazem vantagens, como propõe a psicóloga Márcia Stengel, professora da PUC Minas. “É pelo celular, mas é um tipo de socialização que esse adolescente está desenvolvendo”, afirmou Márcia.

“A internet traz benefícios muito bons quando é bem usada”, completou Marco Antônio Chaves Gama, do Grupo de Trabalho sobre Saúde Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Fonte:https://www.otempo.com.br/cidades/visao-e-muito-prejudicada-abuso-de-tela-piora-quadro-de-miopia-revela-estudo-1.2811295

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